Departamento de Medicina da Unicamp pede que autarquização da saúde seja retirada da votação: 'Precisa ser mais discutida'

Após protestos, votação sobre autarquização da saúde da Unicamp é suspensa duas vezes Após a suspensão da votação do plano de autarquização do comp...

Departamento de Medicina da Unicamp pede que autarquização da saúde seja retirada da votação: 'Precisa ser mais discutida'
Departamento de Medicina da Unicamp pede que autarquização da saúde seja retirada da votação: 'Precisa ser mais discutida' (Foto: Reprodução)

Após protestos, votação sobre autarquização da saúde da Unicamp é suspensa duas vezes Após a suspensão da votação do plano de autarquização do complexo de saúde da Unicamp no Conselho Universitário (Consu) devido aos protestos que aconteceram nesta terça-feira (16), o departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da universidade publicou uma nota pedindo a retirada do tema da pauta do Consu, nesta quarta-feira (17). 🔎A autarquização da saúde da Unicamp transformaria hospitais e unidades de saúde da universidade em uma entidade com gestão e orçamento próprios, separada da administração central — saiba mais aqui. De acordo com a nota, o departamento pede que o debate seja aprofundado com toda a comunidade acadêmica, a fim de evitar que: Que recursos públicos, construídos com dinheiro público, sejam privatizados; Que ocorram processos de terceirização e precarização do trabalho; Que tais fatores comprometam a qualidade dos serviços de saúde; Queda da qualidade de ensino e pesquisa da universidade. Acesse a nota completa aqui. Desde segunda-feira (15), de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, cerca de 30% dos servidores de saúde estão paralisados por conta da votação do plano pela comunidade acadêmica. A votação será retomada, em caráter extraordinário, nesta quinta-feira (18), em formato remoto, a partir das 15h, segundo a reitoria. ❌Polêmica: Enquanto a reitoria e parte da comunidade acreditam que a autarquização irá desafogar o orçamento da universidade e atrair investimentos, servidores e parte da comunidade acadêmica afirmam que o plano irá precaizar os trabalhos e a qualidade do atendimento e do ensino — entenda mais abaixo. Leia também: Plano para transformar saúde da Unicamp em autarquia prevê aprovação em 2026 e conclusão em dez anos Em meio a polêmica, Conselho da Unicamp vota plano de autarquização da área da saúde Risco de precarização e perda de qualidade Ao g1, o chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Sérgio Roberto de Lucca, afirmou que o tema "precisa ser mais discutido" com a comunidade, em vez de acelerar a votação sem ter princípios importantes garantidos. Veja abaixo os pontos elencados por Lucca. Gestão dos recursos públicos Segundo o chefe do departamento de Saúde Coletiva, que possui um histórico na fundação e defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), a autarquização tira da universidade o poder de gerir os recursos na área da saúde. "Isso é uma questão de princípio, porque nós entendemos que nós, como universidade pública, um hospital público, devemos brigar para que tenha recursos públicos e que nós podemos fazer a cogestão desses recursos", afirma Lucca. Um dos princípios do departamento é que o SUS e os hospitais unviersitários devem ter uma gestão pública. Segundo ele, a gestão de instituições privadas poderia mudar o foco do SUS que é a universalidade do atendimento "para atender todo mundo com a melhor qualidade possível" para a preocupação com o lucro. Precarização do trabalho e fala de qualidade de ensino De acordo com Sérgio Roberto de Lucca, a votação não pode ser feita "como uma caixa preta". "Os quase 4 mil funcionários que são da área de saúde têm uma insegurança com razão. A gente tem medo de precarização, de pejotização, de não ter um plano de carreira, desse gerencialismo que pode vir dinheiro para investimento, mas que deixa descoberto a questão da vida dos servidores, trabalhadores, profissionais de saúde do hospital", questiona o diretor. Além disso, Lucca afirma que, a depender dos moldes em que os sistema seja implantando, também pode pejudicar o ensino, uma vez que o complexo também atua como hospitais-escola, nos quais os estudantes atuam. Impactos financeiros e para servidores Segundo a Unicamp, com a autarquização, cerca de 17% do orçamento — equivalente a R$ 1,1 bilhão — deixaria de ser destinado à saúde. Esses recursos seriam direcionados para expansão acadêmica, criação de novos cursos e infraestrutura. O plano prevê que a Secretaria de Saúde assuma gradualmente os custos da área. A partir de 2028, o custeio operacional ficaria sob responsabilidade da pasta, e o pagamento integral dos servidores ocorreria a partir de 2031. O documento afirma que os servidores manteriam benefícios como auxílio-transporte, vale-refeição, auxílio-criança, vale-alimentação e auxílio-saúde, além da possibilidade de participar de processos formativos e de progressão na carreira. Plano de expansão acadêmica Na proposta, a universidade sugere que os recursos que seriam liberados com a autarquização da área da saúde sejam investidos em um plano de expansão acadêmica. O orçamento seria direcionado aos seguintes pontos principais: criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, com a abertura de 1.100 novas vagas até 2030 as novas vagas seriam criadas em cursos como Medicina, Inteligência Artificial, Ciência de Dados, Energia, Engenharia Biomédica, Psicologia, Fisioterapia e Direito contratação de docentes e novos funcionários técnico-administrativos modernização curricular infraestrutura dos campi Unicamp Reprodução/EPTV VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas